segunda-feira, 27 de julho de 2009

Novidades em Agosto




A Princesa de Cléves
Madame de Lafayette

ISBN: 978-989-621-040-0
N.º de páginas: 136
Dimensões: 15 × 22
Preço c/ IVA: € 12,00

Publicado anonimamente em 1678 e recebido com fervor por leitores em toda a Europa, A Princesa de Cléves é considerada uma das obras fundadoras da narrativa literária moderna.
Mademoiselle de Chartres é uma jovem aristocrata que chega à corte de Henrique II para encontrar um marido com boas condições sociais e financeiras. Contudo, velhas intrigas de corte e invejas familiares fazem com que a jovem receba escassa atenção da parte dos melhores pretendentes. Finalmente, segue a sugestão da mãe de aceitar a proposta de um admirador fiel, se bem que não muito interessante, e casa-se com o Príncipe de Cléves. Pouco tempo depois do seu casamento, conhece o encantador Duque de Nemours, por quem se apaixona irreversivelmente.
Dividida entre a fidelidade e o desejo, a Princesa de Cléves trava um longo combate interior para decidir qual será o seu dever – permanecer com um marido que a aborrece ou entregar-se ao homem que ama. Contudo, o tempo não favorece a resolução deste dramático triângulo amoroso.
Toda a complexidade dos dilemas afectivos é magistralmente espelhada neste clássico da literatura. A elegância do seu estilo, a riqueza da análise psicológica, a perspicácia e subtileza dos diálogos e a força da descrição de ambientes fazem de A Princesa de Cléves uma obra intemporal.

Sobre a autora:
Marie-Madeleine Pioche de la Vergne, Condessa de La Fayette – mais conhecida como Madame de Lafayette – nasceu em 1634 em Paris, numa família da baixa aristocracia favorecida pelo Cardeal Richelieu. Aos dezasseis anos, tornou-se dama de honor da rainha Ana de Áustria e estudou Latim e Italiano com Gilles Ménage. Através dele, foi apresentada nos salons literários de Madame de Rambouillet e Madame de Scudéry, que passou a frequentar avidamente. Mais tarde, através de uma ligação familiar, conheceu a escritora e mulher de letras Madame de Sévigné, com quem formou uma amizade que durou toda a vida. Em 1655 casou com o Conde de La Fayette, de quem teve dois filhos. Tinham longas estadas nas suas terras em Auvergne e Bourbonnais, embora Madame de La Fayette nunca deixasse de frequentar a sociedade e a corte parisiense, chegando a ter o seu próprio salon literário. Privou com La Rochefoucauld, através de quem conheceu Racine e Boileau.
Após a morte do marido e de La Rochefoucauld, afastou-se progressivamente da vida social. Faleceu em 1693.

terça-feira, 3 de março de 2009

Imprensa:

«Pintado de fresco

Foi através da correspondência de Pierre Molinier, pintor surrealista, que o autor estruturou este bem conseguido romance erótico. A Sexualidade e a Arte foram a energia da vida deste artista, que as condensou na figura da mulher, a amante, a musa. Uma líbido poderosa que nunca aplacou, e o fez procurar o prazer em diversas formas de expressão. Um relato desde a infância ao suicídio, que deixará o leitor entre o espanto e o rubor.
O incesto é, talvez, o tema mais delicado (praticado com a mãe, a irmã e a filha), mas mentes mais susceptíveis poderão ter dificuldade em digerir práticas como o travestismo (com langerie e cabeleiras femininas), o voyeurismo (de relações lésbicas e heterosexuais), o fetichismo (principalmente sapatos e corpetes), o sexo com mais de um parceiro (de ambos os géneros), o culto da masturbação (diária) ou a sodomia (activa ou auto-inflingida). Mais inovadora e, porventura, também difícil de assimilar, é a pintura com sémen – brilhante, literalmente.
Um "enfant terrible", nascido no seio de uma família burguesa, e que cedo se choca com o instituido, dedicando a sua vida à quebra de tabus e à procura de novos caminhos para a Arte, os relacionamentos, em suma, a Vida. Alguns momentos emblemáticos relatados, imortalizam a sua memória, tais como a sua prisão por atentado ao pudor quando decide masturbar-se numa fonte pública, em Paris, ou quando, na mesma cidade, vê a sua obra censurada numa exposição dos surrealistas, que decidem cobrir as suas telas com panos tornando-as, assim, o centro das atenções do público que as espreita ávida e curiosamente.»

Os Meus Livros, Março 2009
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terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Imprensa:

«Literatura homossexual

Temos pena... de pavão

O que começou por ser um sonho de duas pessoas depressa se tornou realidade. Com 12 títulos de literatura gay publicados em três anos, a Bico de Pena é das poucas editoras nacionais a apostar num segmento ainda olhado com reticência por muitos livreiros.

Nunca um filme fez tanto pela comunidade homossexual como O Segredo de Brokeback Mountain. A obra de Annie Proulx, adaptada ao cinema por Ang Lee, ajudou a dar visibilidade ao universo gay e permitiu à Bico de Pena começar a introduzir no mercado português obras de literatura gay. "Creio que não estávamos preparados para a reticência com que o tema foi recebido por parte dos livreiros", confessa Joana Neves da Editora Pergaminho na qual está inserida a Bico de Pena, que nasceu com a ideia de editar obras de ficção literária. "Todos os editores são um pouco sonhadores e têm aquela ideia do catálogo ideal que gostariam de publicar. Tanto eu como o meu editor tínhamos um sonho em comum: publicar obras de literatura gay". Foi assim que surgiu a Pena de Pavão, incluída na Bico de Pena. E se no início o diálogo com os livreiros ficou pautado por reticências, foi graças ao sucesso do filme O Segredo de Brokeback Mountain que o discurso fluiu de outra forma. "De repente todos queriam este livro. Claro que ajudou ter na capa os actores Heath Ledger e Jake Gyllenhaal, mas a visibilidade do filme ajudou a dar outra visibilidade à literatura gay". Já o segundo livro com o selo Pena de Pavão - As Lágrimas de Bibi Zanussi, de Pedro Gorski - não foi recebido com igual entusiasmo, principalmente devido à ousadia da capa. "A recepção à imagem de um homem de costas com um antúrio entre as nádegas foi inesperada e não estávamos preparados para isso. Olhámos para a capa e pensámos que era artística, mas alguns livreiros acharam-na pornográfica e recusaram-se a exibi-la". Aos poucos a obra foi conseguindo penetrar no mercado, principalmente em livraria como a Fnac Chiado "onde fomos perfeitamente aceites. São livreiros com uma perspectiva um pouco mais comercial. Têm um produto que querem vender a um público e querem fazê-lo da melhor maneira possível", explica Joana Neves.

Romance Lésbico precisa-se
Apesar de rotulados como literatura gay, a responsável pela Bico de Pena defende que estes são livros que podem ser lidos por qualquer pessoa. "Chamamos literatura gay porque faz parte do enredo uma história homossexual, mas as obras são muito mais do que isso. Por exemplo o romance da Jeanette Winterson, As Laranjas Não São o Único Fruto - considerado a típica coming out novel para uma certa geração de mulheres - é muito mais do que uma história gay. O facto de ser lésbica é muito importante para o enredo e para a narrativa, enriquece-a e uma maneira que de outra forma não seria possível fazê-lo". Ainda assim, a agente da autora inglesa recusou que em Portugal a obra fosse parar às estantes de literatura gay e foi aí que Joana Neves se apercebeu de um pormenor: "Para um inglês, literatura gay significa imediatamente uma editora pequena e talvez de menos qualidade, mais trashy, e o que estamos a tentar fazer é criar uma colecção de grande qualidade literária, com autores novos e alguns consagrados, que tenham em comum o facto de escreverem sobre a experiência gay". Com 12 títulos publicados em três anos - sendo o mais vendido O Segredo de Brokeback Mountain - a editora planeia editar em 2009, Os Anjos Maus, de Éric Jourdan, a história de amor entre dois adolescentes que esteve proibida durante 30 anos em França. "O autor só não foi preso porque na altura em que escreveu o livro era menor de idade", conta Joana Neves para quem a teimosia é a palavra-chave neste sector. "A ideia é criar um corpo de uma colecção suficientemente forte para que depois se consiga impor por si só. A partir do momento em que existem duas ou três obras de um autor já começa a haver público". E há de facto público? "Claro que há. Quando começámos com a ideia de publicar livros para este sector houve muita gente a dizer que era boa ideia uma vez que os homossexuais têm muito dinheiro e pensei 'antes eram os judeus, agora são os homossexuais'. É apenas mais uma forma de racismo o que não é muito simpático". Com apenas um autor nacional publicado, o desejo de 2009 de Joana Neves é claro: "Gostava muito de encontrar um excelente livro de literatura lésbica. É muito difícil encontrar livros de grande qualidade, que tenham o mesmo interesse que o Brokeback Mountain. Uma história muito bem contada sobre duas mulheres, já que a maior parte dos romances lésbicos ou são extraordinariamente poéticos - o que acaba por ser um pouco fechado e intimista - ou então são sempre as mesmas coming out stories". Fica lançado o desafio.»
Revista Com'Out, Janeiro 2009