«Pintado de fresco
Foi através da correspondência de Pierre Molinier, pintor surrealista, que o autor estruturou este bem conseguido romance erótico. A Sexualidade e a Arte foram a energia da vida deste artista, que as condensou na figura da mulher, a amante, a musa. Uma líbido poderosa que nunca aplacou, e o fez procurar o prazer em diversas formas de expressão. Um relato desde a infância ao suicídio, que deixará o leitor entre o espanto e o rubor.
O incesto é, talvez, o tema mais delicado (praticado com a mãe, a irmã e a filha), mas mentes mais susceptíveis poderão ter dificuldade em digerir práticas como o travestismo (com langerie e cabeleiras femininas), o voyeurismo (de relações lésbicas e heterosexuais), o fetichismo (principalmente sapatos e corpetes), o sexo com mais de um parceiro (de ambos os géneros), o culto da masturbação (diária) ou a sodomia (activa ou auto-inflingida). Mais inovadora e, porventura, também difícil de assimilar, é a pintura com sémen – brilhante, literalmente.
Um "enfant terrible", nascido no seio de uma família burguesa, e que cedo se choca com o instituido, dedicando a sua vida à quebra de tabus e à procura de novos caminhos para a Arte, os relacionamentos, em suma, a Vida. Alguns momentos emblemáticos relatados, imortalizam a sua memória, tais como a sua prisão por atentado ao pudor quando decide masturbar-se numa fonte pública, em Paris, ou quando, na mesma cidade, vê a sua obra censurada numa exposição dos surrealistas, que decidem cobrir as suas telas com panos tornando-as, assim, o centro das atenções do público que as espreita ávida e curiosamente.»
Os Meus Livros, Março 2009
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