quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Lançamento (actualizado):


Não Tenho Culpa de Ter Nascido Tão Sexy
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O escritor espanhol Eduardo Mendicutti esteve em Lisboa de 24 a 26 de Setembro para apresentar o seu primeiro livro publicado em Portugal, Não Tenho Culpa de Ter Nascido Tão Sexy. O lançamento decorreu no auditório do Instituto Cervantes, que se encheu para ouvir o escritor falar da sua obra e da sua carreira como autor. A sua visita contou ainda com uma ampla cobertura mediática, com várias entrevistas para a imprensa e para a rádio. A sua obra é amplamente louvada pela crítica e foi galardoada com prémios de destaque, tais como o Café Gijón, o Sésamo e o Premio Andalucía de la Crítica, e encontra-se traduzida em diversos idiomas.
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O evento:



Mendicutti (à direita) esclarece o público sobre o que o inspirou a escrever Não Tenho Culpa de Ter Nascido Tão Sexy.



O autor assina o seu livro, sob o olhar atento do editor da Bico de Pena, o Sr. Mário de Moura.
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O livro:

Sinopse:
Rebecca de Windsor, uma diva do mundo do espectáculo, descobre um dia, frente ao espelho, que o tempo começa a deixar marcas no seu fabuloso corpo. Rebecca sempre quis – e sempre conseguiu – ser a melhor em tudo, e não vai deixar que algo tão banal como a idade afecte o seu esplendor. Qual é a maneira mais elegante de uma diva envelhecer? É óbvio, conclui Rebecca: tornar-se santa. Mas não uma santa qualquer, uma dessas místicas de trazer por casa; não, uma santa de luxo, uma santa do melhor que há, a santa mais sexy de que há memória. Porque Rebecca de Windsor, nascida Jesús López Soler, passou por muitas contrariedades até conquistar o seu estatuto presente, não só de mulher, como de paradigma de beleza e elegância. Para o culminar, só mesmo a santidade. Rebecca parte então numa viagem mística por conventos e abadias de Espanha, na senda espiritual de Santa Teresa de Ávila.
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Críticas de imprensa:
«Romance inovador, iconoclasta, irreverente, ao mesmo tempo sensível, inteligente e carinhoso, Não Tenho Culpa de Ter Nascido Tão Sexy explora, entre o sorriso e a gargalhada, o laborioso processo de construção do ser humano, a possibilidade de se ser quem se quer realmente ser.»
La Vanguardia
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«Encontramos aqui um Mendicutti mais clássico – escrita correctíssima, agilidade narrativa, alegres coloquialismos – com o acréscimo de um misticismo que faz certas concessões a um pastiche da prosa espiritual do Século de Ouro sem perder a sua criatividade linguística.»
El Mundo
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«O talento literário de Mendicutti é indiscutível.»
El Cultural
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«A carreira literária de Eduardo Mendicutti está marcada por uma narrativa vivaz, ágil e muito fresca.»
El Mundo
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Sobre o Autor:
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Eduardo Mendicutti nasceu em Cádiz em 1948. Vive em Madrid desde 1972, onde se licenciou em jornalismo. Colabora regularmente com diversas publicações espanholas de renome. A sua obra foi galardoada com prémios de destaque, como o prémio Café Gijón, o prémio Sésamo e o Premio Andalucía de la Crítica, é amplamente louvada pela crítica e encontra-se traduzida para diversos idiomas. Dois dos seus romances foram adaptados com muito sucesso ao cinema pelos realizadores Jaime de Armiñán e Eloy de la Iglesia.
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Excerto:
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«A iluminação
Há seis meses, tomei uma firme decisão: ser santa. Vê-se, porém, que no santoral não há lugar para uma santa tão sexy.
Se calhar dá trabalho compreender que uma mulher tão sexy como eu se entregue à santidade, mas essa decisão não a tomei porque me desse o siroco, mas porque, numa noite escura, e encontrando-me enfrascada em trabalhos de manutenção com produtos da senhora dona Margaret Astor, tive uma iluminação.
[...]
Porque essa é outra: eu não ia ser uma santa corrente, eu ia ser uma santa de luxo. Uma dessas santas que têm desmaios, êxtases, feridas nas mãos como as chagas de Cristo, e que vivem sem viver em si. Eu não ia ser uma santa qualquer. O que acontece é que eu não posso, nem quero, ser uma santa de muito respeito em troca de deixar de ser quem sou.
Com o trabalhinho que me custou ser uma mulher inteira e verdadeira. Com a coragem que me fez falta. Sobretudo quando, há dez anos, tomei outra drástica decisão: operar-me, deixar na sala de operações os últimos estorvos de uma masculinidade errada e converter-me por fim, verdadeiramente e para sempre, na mulher mais sexy do mundo. E é isso que tem sido a minha vida, um rosário de determinações cortantes que apenas tinham a finalidade de me pôr cada vez mais a meu gosto, cada vez melhor, mais divina, foi sempre o que me disse toda a gente, filha, Rebecca, tu sempre com as tuas manias de perfeição. De modo que, depois desse currículo, não me ia contentar com um estatuto de santa de segunda categoria. Isso sem contar que, quando tive a iluminação, soube que a minha vocação era ser amada no Amado transformada. Que bonito.
[...]»

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